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Há 30 anos, renovação sindical e Conclat

Terça, 19 de Julho de 2011 - Augusto Cesar Petta

Há 30 anos, em 15 de julho de 1981, o movimento de oposição à diretoria do Sindicato dos Professores de Campinas e região (SINPRO), assumiu a direção da entidade. Foram necessários cinco anos de luta constante para que este objetivo fosse alcançado. Vivíamos um momento conjuntural, ainda com o país mergulhado na ditadura iniciada com o golpe militar de 1964. O presidente da República era o general João Batista Figueiredo, o último militar imposto pela ditadura.


A partir de 1976, muitos foram os trabalhadores e trabalhadoras que passaram a se organizar e se mobilizar. A ditadura manifestava sinais evidentes de enfraquecimento. A organização popular crescia, demonstrando, cada vez mais, o descontentamento do povo em relação aos rumos da política implantada no país. Lideranças classistas, comprometidas com a defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, se propunham a substituir os velhos dirigentes sindicais comprometidos com os interesses do regime militar e dos patrões. As greves começavam novamente a fazer parte do cenário político brasileiro. As principais foram as de 79, 80 e 81, tendo como protagonistas os metalúrgicos do ABC paulista, liderados por Lula, que viria a ser, um pouco mais de duas décadas depois, presidente da República.


Foi nessa conjuntura que vencemos, no primeiro semestre de 81, a eleição da diretoria do SINPRO Campinas e região. Após a posse, procuramos fortalecer cada vez mais a entidade, organizar e mobilizar a categoria dos professores do ensino privado, assim como participar intensamente da luta mais geral dos trabalhadores, tendo com bandeira principal o fim do regime militar e a consequente conquista da democracia.


Com a certeza de que as entidades sindicais devem desenvolver a luta econômica, a luta política e a luta ideológica, a nova diretoria do SINPRO se propôs a participar da organização mais geral dos trabalhadores e trabalhadoras. No mês seguinte à posse, em agosto de 81, realizou-se o maior evento sindical do pós-64, a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – CONCLAT. Tive a honra de participar da CONCLAT, ao lado de outros diretores do SINPRO, entre eles os professores Rubens Gabriel Abdal e Paulo Cosiuc. Participaram 5.247 delegados de 1.126 entidades sindicais de todo Brasil, um número muito significativo, sobretudo em se tratando de uma época em que muitos sindicalistas foram perseguidos, torturados e mortos pelo terror implantado no país. Durante o regime militar, cerca de dez mil sindicalistas foram banidos do movimento sindical.


A CONCLAT, mesmo unificada em várias reivindicações fundamentais do movimento sindical, demonstrou que havia divergências profundas no seu interior. A inclusão ou não do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Joaquim dos Santos Andrade na Comissão Nacional Pró-CUT, dividiu a opinião dos participantes. Após intensos debates e conversas paralelas, chegou-se à conclusão de que a Comissão Nacional Pró-CUT deveria ser coordenada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Jair Meneghelli, e pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Joaquim dos Santos Andrade.


Lutamos, com todas as nossas forças, juntamente com outros sindicalistas classistas e que tinham a compreensão da importância da unidade, para que não houvesse a divisão orgânica do movimento sindical, para que houvesse uma única central sindical no Brasil. No entanto, isso não foi possível. Em 1983, a CUT foi fundada, tendo como seu primeiro presidente um dos coordenadores da Comissão nacional Pró-CUT, Jair Meneghelli, e em 1986, foi fundada a CGT, que teve como primeiro presidente, o outro coordenador da Comissão Nacional pró-CUT, Joaquim dos Santos Andrade.


Em junho de 2010, participei da 2ª CONCLAT, realizada no estádio do Pacaembu em São Paulo, proposta inicialmente pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB e assumida por outras quatro centrais (CUT, FS, CGTB e NCST). Se na CONCLAT 81 a grande bandeira era o fim do regime militar e a conquista da democracia, na CONCLAT 2010 a grande bandeira é a conquista do Projeto Nacional de Desenvolvimento com Valorização do Trabalho e Distribuição de Renda.


Augusto Cesar Petta é sociólogo e coordenador-técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES).

Augusto Cesar Petta
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